Acredite ou não, era primeiro de Abril do ano de 2011 quando uma borboleta bateu as asas pela primeira vez e desencadeou uma série de eventos que viriam à abertura da Brasildeluna em Fevereiro de 2014. Nesse dia, começou meu processo de demissão. A multinacional onde eu trabalhava, basicamente codificando páginas de informação técnica sobre impressoras, havia sido absorvida por outra maior. Todos os funcionários foram, aos poucos, dando adeus ao prédio da Avenida Ibirapuera. Eu fui na primeira leva. Rapidamente, me recoloquei em uma produtora audiovisual, na pós produção de uma série de TV automobilística exibida na Band nas manhãs de sábado. Ou era domingo? Fato é que, após um mês e meio de trabalho intenso, a produtora veio à falência. Segunda porrada em menos de dois meses.

Com minha recisão, FGTS e seguro desemprego em mãos, fiz algo bem peculiar: fui pra Paris com a então namorada, hoje noiva. Com as malas já prontas (mentira, eu devo ter feito horas antes do vôo), fui mantendo as contas em dia com um punhado de freelas, enquanto visitava diariamente os sites de vagas. Em uma noite aleatória, com o notebook no colo, momentos antes de dormir, visualizei uma vaga que não tinha nada a ver comigo. Uma empresa de beleza precisava de um designer para seu time de criação, no desenvolvimento de comunicações voltadas ao consumidor e ao profissional cabeleireiro. Eu tinha acabado de sair de um universo de toners, engrenagens e motores. Como ia agora falar de cabelo? Não era pra mim. Fechei na hora. Foi aí que o sutil “cof-cof” do universo se fez bem audível, e decidi reabrir aquela aba. Tinha algo de interessante lá: era muito perto de casa. Sério. Em 10 minutos a pé eu estaria lá. Não custava tentar.

Nos dias seguintes, foram pelo menos quatro entrevistas, dois endereços, seis pessoas. Em uma das entrevistas, eu não poderia comparecer. O RH deu um jeito. A data de início do trabalho era quando eu estaria em Paris, as passagens já estavam compradas! O RH deu um jeito. Não achei que fui muito bem no teste criativo, não consegui me adaptar ao universo de beleza, no qual nunca havia atuado. O RH deu um jeito.

Contra todas as expectativas, entrei na equipe da GA.MA Italy em Novembro daquele ano. Muita coisa aconteceu de lá para cá. Demissões, promoções, mudanças. Cheguei a sair, continuei atendendo como freela, voltei e abri a agência. Nosso primeiríssimo projeto na Brasildeluna foi a Convenção de Vendas de 2014. Uma loucura! Uma correria! Uma delícia.

A relação minha e da agência com a GA.MA Italy ultrapassa muito a profissional. É um prédio, hoje no Ipiranga, repleto de muitos amigos, muitos sorrisos. Muita gente que me via no dia a dia e que hoje me vê de vez em nunca. Tem a Deise, do Marketing, que entrou na empresa para arrumar armários e hoje é gerente de comunicação. Tem a Bia, que eu mesmo entrevistei para o cargo de designer, e hoje é diretora de arte. Tem a Cléo do SAC, o Sidão do TI, a Lourdinha da limpeza, o Wander do instituto, dentre tantos outros que ainda hoje lá estão, que já saíram, ou que até mesmo se foram.

A verdade é que eu nunca saí dessa empresa, que sempre me recebe com muito carinho. E pensar que, em uma noite aleatória de 2011, toda essa história ficou em cima de uma aba fechada do navegador.

– CÉSAR BRASIL | SÓCIO-DIRETOR